Rua de S. Bento, 70, Vila do Conde
Museu das Rendas de Bilros, Rua de S. Bento, 70, 4480-781 Vila do Conde, Portugal
A renda de bilros é produzida pelo cruzamento sucessivo ou entremeado de fios têxteis, executado sobre o pique e com a ajuda de alfinetes e dos bilros. O pique é um cartão, normalmente pintado da cor açafrão para facilitar a visão por parte da rendilheira, onde se decalcou um desenho, feito por especialistas.
Em Portugal a arte da renda de bilros também conhecida por renda de Peniche, em meados do século XIX existiam em Peniche quase mil rendilheiras, tem especial expressão nas zonas piscatórias do litoral, com maior relevo para Caminha, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Azurara, Setúbal, Lagos, e Olhão, tendo existido ainda em Silves, Sines e Sesimbra, onde esta arte é antiquíssima. Também se encontra o fabrico de rendas de bilros em Nisa, no Alentejo e Farminhão, perto de Viseu.
Tempos houve em que a renda de bilros era uma forma de ganhar dinheiro extra, para famílias que tinham os homens no mar em barcos pesqueiros. Então, as senhoras iam passando, de geração em geração, a arte de saber trabalhar os bilros. Os bilros são manejados aos pares pela rendilheira que imprime um movimento rotativo e alternado a cada um, orientando-se pelos alfinetes. O número de bilros (birros) utilizado varia conforme a complexidade do desenho.
A visita ao Museu das Rendas de Bilros, em Vila do Conde, é um dois em um. Primeiro visita-se um bonito solar urbano oitocentista, totalmente recuperado, Casa do Vinhal típico solar urbano do século XVIII, e em segundo vai ficar a conhecer uma das mais antigas tradições do artesanato português, a Renda de Bilros.
A coleção é composta por todo o tipo de instrumentos e materiais utilizados na produção das Rendas de Bilros, dela fazendo parte belos exemplares de Rendas de Bilros, desenhos, piques e documentos vários. Merece ainda referência a coleção de bilros e almofadas estrangeiras, testemunho dos sucessivos contactos com centros produtores além-fronteiras.
A exposição permanente para além de apresentar a tradicional renda expõe simultaneamente, várias rendas contemporâneas, fruto de um conjunto de atividades desenvolvidas com outros centros produtores de rendas na Europa, bem como de inúmeros trabalhos concebidos por estilistas nacionais.
A maior Renda de Bilros do mundo é de Vila do Conde. Confirmado pelo júri oficial do Guinness World Records, Fortuna Burke, que mediu e confirmou a autenticidade do trabalho, no dia 2 de agosto de 2015. Ao todo, a peça mede 53,262 metros quadrados e foi feita com 8 quilos de fio de algodão. Exibe um total de 437 quadrados de 30 X 30 centímetros, todos com cores e formas diferentes, feitos por 150 rendilheiras de todas as idades.
Este projeto artístico e cultural pode ser visto neste museu estando exposto numa espécie de túnel, de forma a poder ver os trabalhos de perto. Neste mesmo museu, que foi inaugurado em 2016, é possível perceber melhor a história das rendas de bilros, ver as peças usadas para os trabalhos, assim como elementos mais antigos. Com sorte poderá ver as rendilheiras a trabalharem ao vivo e pode ver uma exposição onde tem trabalhos tradicionais e formas de aplicar as rendas de bilros a modelos contemporâneos. É aqui que também funciona a Escola de Rendas de Bilros.